Experimento com peixes faz ovários produzirem espermatozoides

Pesquisadores japoneses descobriram um gene que determina se células germinativas – que dão origem aos gametas em diversas espécies – vão se tornar espermatozoides ou óvulos. O gene, batizado de foxl3, foi identificado em experimentos realizados com peixes. Quando o gene foi “desativado” em fêmeas, elas passaram a produzir espermatozoides saudáveis em seus ovários.

O estudo, que teve seus resultados publicados nesta quinta-feira (11) na revista Science, foi liderado por Toshiya Nishimura e Minoru Tanaka, do Instituto Nacional de Biologia Básica, no Japão.

Existentes em machos e fêmeas, as células germinativas são inicialmente “genéricas”, mas já nas primeiras fases de desenvolvimento de um embrião elas se diferenciam para formar os gametas – espermatozoides ou óvulos. No entanto, até agora, o mecanismo responsável por essa decisão não estava claro.

O novo estudo conclui que o gene foxl3 funciona como um “interruptor sexual”, decidindo o destino das células germinativas. Os autores manifestaram surpresa ao descobrir que é possível gerar um espermatozoide fora do ambiente do órgão reprodutivo masculino.

O experimento foi realizado com um tipo de peixe-arroz conhecido como medaka(Oryzias Iatipes), mas, segundo os autores, é possível que os resultados se apliquem a todos os vertebrados. Em fêmeas com o gene foxl3 “desligado”, a aparência do corpo continuou com todas as características típicas das fêmeas, mas seus ovários começaram a formar um grande número de espermatozoides e, ao mesmo tempo, uma pequena quantidade de óvulos.

Esses espermatozoides gerados pelas fêmeas mutantes foram usados para fertilizar óvulos de fêmeas comuns, por inseminação artificial, gerando peixes totalmente normais e saudáveis.

Os humanos não possuem o gene foxl3, mas os cientistas suspeitam que exista no organismo humano um mecanismo semelhante, com a função de um interruptor sexual.

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