Conjunto de algoritmos consegue criar time-lapses a partir de milhões de fotos na web

Apesar de funcionar como uma espécie de arquivo, em que tudo que acontece no mundo é registrado, a internet consegue ser tão bagunçada quanto grande. Mas um trio de cientistas desenvolveu um conjunto de algoritmos capaz de localizar e colocar em ordem algumas fotos de um mesmo local – e de quebra ainda criar um daqueles vídeos acelerados, os time-lapses.

Formado por um engenheiro do Google, um da Universidade de Washington e um terceiro que está na empresa e na instituição, o grupo batizou o projeto de Time-lapse Mining from Internet Photos, algo como “Mineração de Time-lapse a partir de Fotos na Internet” em tradução livre. E é basicamente isso que a ferramenta consegue fazer.

“Introduzimos um método para sintetizar vídeos em time-lapse de paisagens populares a partir de grandes coleções de fotos públicas”, escreveu o trio na introdução do trabalho que ainda pretende apresentar no tradicional evento para artistas gráficos SIGGRAPH (PDF aqui). “O sistema é completamente automatizado e aproveita a vasta quantidade de fotos disponíveis online.”

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Simplificando, o processo começa com um agrupamento “de 86 milhões de fotos de pontos de referência e paisagens populares”, todos com horários e locais marcados. É a partir desses dados e de uma imagem de referência que o sistema do trio consegue descobrir os locais no mundo com mais imagens registradas, e com isso começar a criação dos time-lapses.

“Nós separamos as fotos por data e colocamos cada uma em um ponto de vista comum”, explicaram os cientistas. “Até que finalmente estabilizamos a aparência da sequência para compensar os efeitos de luz e minimizar a tremulação.” Os melhores resultados ficam como os mostrados no vídeo abaixo, e mostram mudanças que ocorreram nas paisagens fotografadas em um determinado intervalo, que pode ser até de anos.

De acordo com o trabalho, as 86 milhões de fotos geolocalizadas eram referentes a 120 mil pontos de referência, e delas foram computados mais de 750 mil reconstruções tridimensionais – que servem como base para os ajustes de pontos de vista. Os engenheiros conseguiram 10 728 time-lapses em 2 942 paisagens, todos contendo mais de 300 imagens. E tudo isso partindo de um ângulo de variação de apenas 10 graus – o que mostra que os turistas gostam de tirar fotos dos mesmos lugares. Se a angulação fosse maior, o número consequentemente cresceria, mas os resultados provavelmente também não seriam tão bons.

Para processar 1 000 fotos em um computador de configurações não especificadas, os engenheiros levaram cerca de seis horas. Ainda é um tempo considerável, mas bem menor do que o necessário para registrar a construção de um prédio na forma tradicional. E os resultados ficam longe de ser ruins: pela avaliação dos engenheiros, 45% dos time-lapses descobertos ficaram bons e interessantes, enquanto 14% foram considerados apenas bons e outros 25% somente interessantes. Ou seja, o crowdsourcing, nesse caso, parece funcionar.

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