Astronauta norte-americano está em plena forma após seis meses no espaço

Na metade do caminho da estadia de um ano na Estação Espacial Internacional (ISS), o astronauta note-americano Scott Kelly disse nesta segunda-feira estar em forma e se adaptar bem à micro-gravidade, embora sinta muita falta de sair para tomar um ar.

A experiência de passar um ano na ISS está sendo feita por Kelly e seu colega cosmonauta russo Mikhail Kornienko. Ela visa estudar os efeitos biológicos e psicológicos de longos períodos no espaço, na preparação de futuras missões habitadas rumo a Marte.

Os dois homens estão no posto orbital desde março.

A missão de Kelly e Kornienko será o período mais longo de um ser humano na ISS, desde a primeira visita de um astronauta no ano 2000. Mas o recorde de tempo passado de uma vez no espaço é do russo Valeri Poliakov, que passou mais de 14 meses à bordo da estação espacial Mir em 1995.

“Me sinto bem fisicamente pois temos bons equipamentos para nos exercitarmos”, contou Kelly em entrevista ao vivo transmitida pela Nasa durante uma conferência no National Press Club de Washington para marcar os seis primeiros meses dos dois astronautas na ISS. Mikhail Kornienko não participou da coletiva.

“Mas há muitos efeitos deste ambiente que nós não podemos ver nem sentir, que afetam nossa visão e também nosso DNA (com as radiações cósmicas, ndlr) que os cientistas estudam”, explicou o astronauta norte-americano.

A falta de gravidade tem efeitos bem conhecidos nos músculos e no esqueleto ao reduzir a massa muscular e a densidade óssea. Ela aumenta também o líquido cefalorraquidiano ao redor do nervo ótico, afetando a visão.

“Nós esperamos aprender muito sobre nós dois após um ano no espaço quando todos os dados coletados terão sido analisados”, continuou Scott Kelly.

Embora os russos tenham permanecido mais tempo na estação Mir, não existia a tecnologia de hoje para medir e determinar os efeitos que um período tão longo no espaço têm no organismo humano.

O irmão gêmeo de Scott Kelly, Mark, um astronauta aposentado que já realizou diversas missões à bordo de ônibus espaciais para a ISS, também participa da missão, mas em solo.

“Minha capacidade de me mexer na ISS melhorou muito e continua melhorando”, explicou ainda o astronauta. “Nos sentimos mais à vontade, pensamos mais claramente e nos concentramos melhor”.

Mas “não poder sair para tomar um ar é a coisa que mais me faz falta, depois da minha família e dos meus amigos”, reconheceu Scott Kelly. “A ISS é um ambiente muito fechado, com quase sempre a mesma quantidade de luz e o mesmo cheiro”, afirmou, parecendo comparar a estação a uma prisão. “Até mesmo a maior parte dos prisioneiros pode sair um pouco, e nós não”, soltou.

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